sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Jesus, o Natal, a Beleza e o Racismo.

Faço uma pergunta aos amigos com fins de reflexão, não precisa responder. Em breve o Natal virá, data em que todos ficarão um pouco mais sensíveis - mas também materialistas e gulosos.

E se Jesus tivesse nascido negro? ou índio? Teria Ele a mesma recepção que o mundo O confere atualmente? Notem que Yeshua (seu verdadeiro nome em hebraico, conforme a maioria dos especialistas na língua), antes de tudo, é JUDEU, a minoria mais perseguida e odiada do mundo, junto com os ciganos. Todavia, quando falamos de Yeshua, não pensamos nele como um homem judeu - independente do seu caráter revolucionário, ele honrou um sem-número de costumes judaicos, e a própria religião judaica. Quando se fala de Yeshua, pensa-se na sua visão romanizada, vamos assim dizer. Admitir que Yeshua foi judeu praticante, guardadas todas as controvérsias acerca da sua rebeldia, seria um verdadeiro “tapa na cara” no preconceito contra o povo judeu. Ser romano soa menos ofensivo.

Do mesmo modo, se Yeshua tivesse a cor da pele preta, como seria o nosso sentimento em relação a Ele? Teria Ele a mesma aceitação? Como encararíamos a questão do racismo? Afinal, se Ele é a Divindade, a cor da sua pele não influenciaria em nada: a sua essência Eterna acabaria por fazer toda a diferença. Do mesmo modo seria se fosse índio, mongol, ou integrante de qualquer outro povo/etnia historicamente estigmatizado e discriminado.

Estudos científicos já afirmaram que um grande número dos antigos hebreus, habitantes daquela terra, eram morenos, inclusive por fatores climáticos/geográficos.

Realizei esta indagação apenas para constatar o quão agradável soa vender a imagem do Cristo de olhos azuis, cabelos dourados, traços finos e delicados. Nada contra esta imagem, que é realmente bonita e admirável, mas, por ser uma imagem, é, acima de tudo, uma representação. E uma representação sempre guarda maior relação com a nossa visão sobre o objeto do que com o próprio objeto, considerado enquanto ele mesmo.

O racismo é milenar, e está presente nas mais variadas relações de dominação. Lembrem-se que os grandes dominadores são, já há um bom tempo, formados por pessoas de pele clara. E são os poderosos que imprimem os valores que acham convenientes para a perpetuação de seu domínio, e o racismo vem imbutido nesta mensagem.

Assim, podemos vislumbrar a reverberação do mantra racista na mídia.
Esta vive transmitindo padrões estéticos tidos como aceitáveis e dignos de apreciação, colocando, ao mesmo tempo, muitas pessoas à margem deste conceito do belo, para as quais restarão os salões de beleza, operações plásticas e a rejeição social (a não ser que estas pessoas tenham amor próprio e saibam reconhecer o seu valor).

É preciso valorizar o homem nas suas diversas apresentações (gostar é outra coisa). Aceitar e respeitar o outro nas suas características peculiares, e valorizar aquilo que há de belo em cada ser humano, pois todos somos bonitos, cada um à sua maneira. Fazendo isso, estaremos seguindo aquela máxima ensinada por Yeshua e tantos outros mestres: “ame o próximo como a ti mesmo”. E isso passa por aceitá-lo como negro ou branco, circuncidado ou não circuncidado, religioso ou ateu, etc.